Uma menina, uma mulher

quinta-feira, agosto 16, 2007

Bélgica Parte III - Em terra de Magritte, Van Gogh no caminho pra pseudo-Itajubá

Depois do sono, hora de bater perna. Infelizmente (ou seria felizmente?!), o primeiro ponto turístico do nosso roteiro, o Palais de Justice, estava sendo restaurado e não pudemos ver a famosa cúpula. Paciência. Pra compensar, em Poelaert Place, bem ao lado do Palácio, tivemos uma visão especial de Bruxelas. Como Salvador, a capital da Bélgica é dividida em cidade alta e baixa. Até uma versão do elevador Lacerda tem por lá. Bem menos charmoso, mas tem.

Já que o Palácio da Justiça não permitia nossa presença, saímos à procura do Real. No meio do caminhada, Église Notre Dame du Sabion, a primeira das muitas igrejas de Bruxelas. Arquitetura gótica, século XIV, vitrais enormes e multicoloridos. Instantaneamente flashes das aulas de História da Arte em alguma sala do prédio 9 do Mack vieram à minha cabeça. Até das minhas anotações, típicas de nerd, no canto da página do caderno eu lembrei. Caramba! Tá tudo aqui, na minha frente. Sensacional!

Bem na hora em que entramos, acontecia uma missa. Já que não entendia nada além de “Amem”, resolvi bater um papo direto com o cara lá de cima. Precisava, no mínimo, agradecer por estar ali e aproveitar pra pedir pra outras viagens acontecessem, só pra garantir.

Dali partimos para o Palácio Real, e depois para o Parque de Bruxelas e o Parlamento belga. Melhor que tentar descrever a grandiosidade e a beleza de tais lugares é recomendar que olhem as fotos. Elas não mentem, já meus míopes olhos estavam maravilhados com o primeiro “mochilão” pelo velho mundo e podem ter visto o que ninguém mais viu. ; )

Mapa na mão (do Lorenzo, óbvio, já que minha habilidade cartográfica é bastante reduzida), continuamos a caminhada rumo ao Grand Place. Imagine uma grande praça cercada por prédios de arquitetura gótica - alguns milenares, bares com mesas ao ar livre, gente indo, gente vindo, casas de chocolate, artistas de ruas e vielas que fazem a conexão do lugar com o resto da cidade. Assim é o Grand Place. Como eu gosto de dizer, um lugar para “estar”, assim como a Trafalgar Square aqui em Londres. Espaço pra sentar, degustar as cervejas e os chocolates belgas, jogar conversa fora, encontrar amigos e ver o sol batendo na torre do relógio às 9 horas da noite. Esquecer que a vida tem espinhos (E tem?!). Difícil admitir isso, afinal as opções são muitas, mas esse é meu canto predileto em Bruxelas.

O papo tá bom, a cerveja gelada, mas sebo nas canelas que ainda temos muito pra conhecer. Nosso próximo objetivo era encontrar o tal Manneken Pis, uma famosa estátua de um menininho fazendo xixi. Existem várias lendas a respeito do monumento, mas a mais contada por lá é a de que durante uma festa típica no centro da cidade, o guri se perdeu do pai no meio da multidão. Somente 3 dias depois de encerradas as festividades é que ele foi encontrado, fazendo exatamente o que propõe a escultura.

Vira dali, mais duas ruas pra frente à esquerda e lá íamos nós, até que Lorenzo parou pra ver um presente pra mãe. Continuei caminhando e avistei duas estátuas em tamanho real de Van Gogh. Sem pestanejar, resolvi conferir de pertinho a perfeição do trabalho. Quando eu praticamente examinava a textura do material usado no chapéu do artista, a estátua de mexe e bate palma! Ai, meu Jesus Cristinho 3 vezes!!! Não consegui nem gritar de tão espantada! Arregalei o olho, levei a mão à boca e procurei pelo Lorenzo pra ver se ele também tinha visto ou se eu estava delirando. Ele não só tinha visto como estava rachando o bico da minha cara. Paguei um pau pro cara, me pegou direitinho! E pegou alguns dos meus euros também. Depois dessa, o pipi de fora do molequinho nem me chocou mais. : )

Uma das coisas que mais gostei em Bruxelas só se pode descobrir assim mesmo, andando – interferência de quadrinhos em prédios reais criando cenários imaginários e muito divertidos. Nada mais original já que estávamos na terra de Tin Tin, certo?

Após tanto caminhar, achamos que era hora de acrescentar mais alguns nomes à lista de cervejas provadas. Afinal, a variedade é imensa e nosso tempo curto. Resolvemos parar em Place St Gèry. Num forte momento nostalgia, aquele lugar me lembrou Itajubá, em Minas (Alô, Lipe! Aquele abraço e valeu pelas dicas, querido!). Calor, muita gente de todas as idades na rua, pouca luz, amigos apertados numa mesa de bar bebendo e rindo de histórias antigas, clima de praça de cidade do interior, sabe como é?! Também amei.

E não importa onde você decida beber, TODOS os bares, restaurantes e afins servem QUALQUER UMA das cervejas em seu próprio copo, com a respectiva logomarca. Bem bacana isso, assim, a não ser que você e todos seus amigos resolvam pedir a mesma bebida, não fica aquela bagunça de “qual é meu copo?”. Digo isso pois, não sei porquê, sou sempre a primeira a perder o meu. : )

(Pois é, ainda continua...)


Como não poderia faltar, Pequena brincando de gigante - Palais de Justice


Garantindo as próximas trips em Notre Dame du Sabion


Eu e Lorez - Palácio Real


Parque de Bruxelas eo Parlamento bem ao fundo


Grand Place


Grand Place de novo


Prazer em forma de waffle com cobertura de chocolate - Grand Place


Depois do susto, o riso








Duvel: A primeira de muitas, a melhor de todas - Grand Place

quinta-feira, agosto 09, 2007

"Missed" Call

Tuuum… Tuuum… Tuuum…

- Alô.

- Oiê!

- Oi! Que bom ouvir sua voz! Tudo bem?

- Tudo ótimo. E você?

- Também. Onde você tá agora?

- No trabalho, intervalo. Tô cansada pra caramba, mas logo estou de férias e tudo se resolve.

- Ah é?! E o que vai fazer?

- Vou pra Dublin! Tenho uma amiga de São Paulo morando lá, a Roberta. Vou ficar no apto dela. Daí, ela vem pra Londres em setembro e vai ficar lá em casa...

- Que legal! É isso aí, tem que aproveitar mesmo!

- Ah, mas isso eu estou fazendo direitinho! Hehehehe...

- É, pelo que li no seu blog e pelas fotos que você mandou, está mesmo. Aliás, você está linda nas fotos.

- Você acha? É que eu tô feliz. Bom, preciso ir. Só liguei pra dar um oi mesmo...

- Saudade de você.

- Eu também...

- ...

- Hey! Quê isso?! Você tá chorando? Por quê?

- É que você tá tão longe...

- Não chora, não. Assim vou ficar triste.

- Não. Se você está bem, eu fico feliz.

- Ah, não... Sem choro. Eu tô super feliz aqui! Não tem motivo pra chorar.

- Tá bom, tá bom...

- Vou indo então senão daqui a pouco o...

- Eu te amo!

- Eu também, mãe. Te amo muito! Fica com Deus. Tchau.