Uma menina, uma mulher

domingo, setembro 14, 2008

100% de pedra preta lapidada

Há 8 meses voltei pra cá, e tudo que queria era ainda estar lá. A dúvida sobre o que estava por vir me fazia acreditar que bom mesmo seria continuar a vida onde tudo se encaixava e eu podia mudar as peças de lugar quando bem entendesse. Não deu. Ainda bem, porque mais uma vez eu tive que aprender que o que ainda não conhecemos pode ser tão bom quanto o que nos faz feliz agora.

Depois de várias tentativas - e também de aprender a botar fé no meu taco, entrei para um programa de formação de certa instituição bancária (que é feita pra você!) intitulado “Jovens Talentos”. Pretensioso?! Pois continue correndo os olhos pelos próximos parágrafos e tentarei convencê-lo, prezado leitor(a), de que não é bem assim.

No princípio, éramos trinta e um. Trinta e uma cabeças pensantes, enérgicas, ansiosas, com expectativas semelhantes e experiências diferentes. Naquele primeiro dia, reunidos numa sala de um prédio imponente, percebi gente de lugares, crenças e comportamentos diversos. E pensei: “Opa! Era o que eu mais gostava lá fora. Olha que isso aqui tá muito bom...”.

Final da primeira fase de treinamento e vem a notícia: Man down! Man down! Ficamos sem o ilustre “Seu” Pellim. Mas a vida segue, as aulas, coffee-breaks, festas, dúvidas e risadas também. E a cada dia essas pessoas iam se tornando elementos-chave da minha vida. Entraram sem pedir licença e ficaram. Como quem não quer nada, e sem saber o que estava fazendo, cada uma delas, cada uma a seu modo, me lembrou que a felicidade mora dentro da gente. Não importa o cenário.

Depois de três meses, lapidamos a pedra preta e estamos formados - aguardando pela formatura, diga-se de passagem! Neste curto e intenso período, entre aulas, festas, viagem e risadas, aprendemos não só sobre Ativos, Cash ou Câmbio. Aprendemos a respeitar, a dividir, a escutar. Com nossos 20 e poucos anos - prova de que somos “Jovens” – amadurecemos. E aprendemos a gostar uns dos outros. A mais fácil das lições.

Ah, sim! Se somos ou não “talentos”... De acordo com o dicionário, do latim “talentum”, o termo refere-se a “certo peso de uma matéria preciosa”. E depois dos últimos três meses, afirmo sem titubear, vocês são o que de mais precioso alguém pode ter: amigos.

A vocês, muito obrigada pelo que vivemos. Agora é tempo de agir (me perdoem, mas sim, o trocadilho foi proposital). E que venham os reencontros! Amo vocês!





























segunda-feira, maio 26, 2008

Feliz Ano Novo!

Ainda me lembro de um jogo muito popular entre as meninas do colégio onde estudava quando era criança. Num pedacinho de papel a amiga anotava o nome de 3 meninos (e neste momento só me lembro daquele que estava sempre no topo da lista), 3 cidades onde gostaria de morar e com quantos anos pretendia me casar. Eu respondia "Vinte e cinco!". Naquela fase inocente da vida, quando a preocupação maior era o boletim do bimestre, vinte e cinco anos me parecia idade de gente grande, gente que sabe exatamente o que quer.

Pois cheguei aos 25. E confesso: não faço idéia do que quero exatamente. E acho que nunca vou saber. Como boa geminiana, quero tudo. E quero logo! Bem, o matrimônio e os filhotes nem tão logo assim... :)

Já disse isso aqui e repito: sou daquelas que não tenta entender certas coisas. Sabe quando você sente que uma nova fase da sua vida está prestes a começar, onde tudo é novo e só as coisas boas e que te fazem feliz é que vão seguir com você? Pois é assim que me sinto agora. Aos 25, um novo trabalho, um novo look (perdão pelo pecado, mas um tiquinho de futilidade é fundamental!) e, em breve, um novo lar. Tudo novo, esperando pela moleca e pela mulher que sempre farão parte de mim. Baita presentão pra começar a viver os próximos 3/4 de século, né não?! :)

PS: Galera, muito obrigada pelos telefonemas, emails, scras e afins. Ter vocês por perto faz toda diferença! Beijo enorme!

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Até mais tarde, London

Já com os pés – e mais de 60 quilos de bagagem - do lado de cá do Atlântico, vou começar uma sessão túnel do tempo pra contar o que ficou pra trás, sem ser dito, não por falta de importância, mas de vergonha na cara e sobra de preguiça desta que nos escreve. Sinceridade acima de tudo! :)

Comecemos então por Amsterdam. Ou pelo menos, a odisséia para chegar lá.

Sim, sim, eu fiz o que você pensa que fiz lá. Afinal nosso hotel ficava na zona com a maior concentração de coffee shops da cidade, e curiosidade é um bichinho que mora em mim desde que me entendo por gente. Mas vamos por partes.

Essa seria a última viagem antes de voltar ao Brasil. Todo mundo sabe que prolonguei ao máximo minha estadia na terra do chá das cinco - que também acontece as duas, oito e meia, onze ou quando você bem entender. E ficaria ainda mais se pudesse. Logo, esse passeio final tinha tudo pra ser um tanto quanto triste. Mas, como quem tem amigos (na verdade, eles são bem mais que isso!) tem tudo, graças a Camilinha e Greg, os 3 dias na capital da Holanda foram dos mais engraçados dessa minha temporada européia.

Ainda em Londres, no Heathrow Airport, ao fazer o check-in descubro que eu poderia despachar 2 malas com 32kg cada, mas não uma com 20 e outra com 40. A atendente da cia aérea me dá aquele sorriso amarelo e diz:

- Está muito pesado. Você precisa passar 10kg pra essa outra mala.

Ah, claro! Que idéia brilhante. Se não tivesse tido que sentar em cima pra fechar essa outra mala, talvez coubesse mais alguma coisa dentro dela. Talvez os agora dispensáveis fones de ouvido do celular.

Lá fui eu com a tralha pra sala de balanças – Sim, isso existe. Afinal, o drama deve acontecer todo dia a toda hora - e penso: Merda! Já deixei o all star pra trás. O que vou tirar daqui? Os livros! Remanejo a mochila com laptop, passagens, dinheiro, passaporte, iPod e necessaire pra poder ocupar todo e qualquer espaço disponível com as centenas de folders, cadernos, bilhetes, cartões, livros e afins que eu insistia em trazer. (Será que alguém guarda mais papel que eu?!?!?!). Fecho a mochila e coloco mais uma vez a mala na balança. Ainda sobravam 4 quilos.

Depois de ligar pra Cammy, que estava no aeroporto de Gatwick, pra dividir minha agonia, resolvi dar uma volta pelo saguão na tentativa desesperada de comprar uma mala maior. Nenhuma era nem do mesmo tamanho e, mesmo que fosse maior, não estava nem um pouco a fim de gastar meus últimos pounds em uma mala! Tinha coisa muito mais interessante pra comprar em Amsterdam. Minha última alternativa foi mandar um sms pro Greg perguntando se tinha espaço na mala dele. Homem é super compacto, deve haver algum espaço a ser preenchido na bagagem dele! A resposta foi: “Podemos tentar”. Eu conheço o polaco. “Podemos tentar” era como dizer ”Acho bem difícil, mas... quem sabe, né?!”.

Ok. Eu desisto. Vou abrir tudo e decidir o que mais vai pro lixo. Eis que, ao retornar a sala das balanças, avisto uma mala velha, abandonada, já bem capenga e enorme. Capaz de armazenar não só a minha mala menor, como os outros 10 quilos excedentes. Nessas horas me dei conta mais uma vez do quanto Deus gosta de mim. :)

Problema resolvido, encontrei o Greg e lá estava eu. Olhando Londres do alto, me despedindo, com o coração apertado, mas desta vez sem lágrimas escorrendo pelo rosto. Só com a certeza de que valeu a pena, de que fui feliz e de que cedo ou tarde vou voltar pra lá.

sábado, janeiro 12, 2008

Ainda em Londres e depois de tudo

Exatamente uma semana pra tudo acabar. Acabar não. Mudar. Já era pra estar na terrinha, aproveitando o verão e, provavelmente, com alguma idéia do que fazer agora. Mas não. Adiei esse momento ao máximo. Queria ficar mais aqui, queria continuar vivendo a melhor fase da minha vida. Foi o que fiz. E faria tudo de novo.

Engraçado que quanto mais a hora de partir se aproxima, mais eu penso em tudo que vivi aqui. Nos amigos que encontrei, nos lugares que visitei, nas descobertas que fiz, nas pessoas que amei (ainda amo, claro!), nas barreiras que venci, nas delícias que provei, nos sonhos que realizei.

Nas fotos de março passado encontro um outro alguém. Um outro eu. Vejo uma menina, feliz por ter cruzado o oceano em busca do que acreditava. Era seu momento pra ser feliz, pra se descobrir e, parecendo até egoísta, pensando só em si. Olhando pra mim hoje, 10 meses depois, continuo vendo uma menina (com um rosto mais velho, é bem verdade!), ainda mais feliz, orgulhosa de si. Alguém que descobriu do que é capaz e construiu novas metas.

Agora basta tomar decisões, decidir como que fazer. O que quero, eu já sei: continuar feliz, vendo o mundo com olhos de menina e cabeça de mulher. ELA, sempre. Seja onde for.



Do inverno inglês para o verão brasileiro em uma semana, com pausa para Amsterdam e tudo que há por lá! : )