Uma menina, uma mulher

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Até mais tarde, London

Já com os pés – e mais de 60 quilos de bagagem - do lado de cá do Atlântico, vou começar uma sessão túnel do tempo pra contar o que ficou pra trás, sem ser dito, não por falta de importância, mas de vergonha na cara e sobra de preguiça desta que nos escreve. Sinceridade acima de tudo! :)

Comecemos então por Amsterdam. Ou pelo menos, a odisséia para chegar lá.

Sim, sim, eu fiz o que você pensa que fiz lá. Afinal nosso hotel ficava na zona com a maior concentração de coffee shops da cidade, e curiosidade é um bichinho que mora em mim desde que me entendo por gente. Mas vamos por partes.

Essa seria a última viagem antes de voltar ao Brasil. Todo mundo sabe que prolonguei ao máximo minha estadia na terra do chá das cinco - que também acontece as duas, oito e meia, onze ou quando você bem entender. E ficaria ainda mais se pudesse. Logo, esse passeio final tinha tudo pra ser um tanto quanto triste. Mas, como quem tem amigos (na verdade, eles são bem mais que isso!) tem tudo, graças a Camilinha e Greg, os 3 dias na capital da Holanda foram dos mais engraçados dessa minha temporada européia.

Ainda em Londres, no Heathrow Airport, ao fazer o check-in descubro que eu poderia despachar 2 malas com 32kg cada, mas não uma com 20 e outra com 40. A atendente da cia aérea me dá aquele sorriso amarelo e diz:

- Está muito pesado. Você precisa passar 10kg pra essa outra mala.

Ah, claro! Que idéia brilhante. Se não tivesse tido que sentar em cima pra fechar essa outra mala, talvez coubesse mais alguma coisa dentro dela. Talvez os agora dispensáveis fones de ouvido do celular.

Lá fui eu com a tralha pra sala de balanças – Sim, isso existe. Afinal, o drama deve acontecer todo dia a toda hora - e penso: Merda! Já deixei o all star pra trás. O que vou tirar daqui? Os livros! Remanejo a mochila com laptop, passagens, dinheiro, passaporte, iPod e necessaire pra poder ocupar todo e qualquer espaço disponível com as centenas de folders, cadernos, bilhetes, cartões, livros e afins que eu insistia em trazer. (Será que alguém guarda mais papel que eu?!?!?!). Fecho a mochila e coloco mais uma vez a mala na balança. Ainda sobravam 4 quilos.

Depois de ligar pra Cammy, que estava no aeroporto de Gatwick, pra dividir minha agonia, resolvi dar uma volta pelo saguão na tentativa desesperada de comprar uma mala maior. Nenhuma era nem do mesmo tamanho e, mesmo que fosse maior, não estava nem um pouco a fim de gastar meus últimos pounds em uma mala! Tinha coisa muito mais interessante pra comprar em Amsterdam. Minha última alternativa foi mandar um sms pro Greg perguntando se tinha espaço na mala dele. Homem é super compacto, deve haver algum espaço a ser preenchido na bagagem dele! A resposta foi: “Podemos tentar”. Eu conheço o polaco. “Podemos tentar” era como dizer ”Acho bem difícil, mas... quem sabe, né?!”.

Ok. Eu desisto. Vou abrir tudo e decidir o que mais vai pro lixo. Eis que, ao retornar a sala das balanças, avisto uma mala velha, abandonada, já bem capenga e enorme. Capaz de armazenar não só a minha mala menor, como os outros 10 quilos excedentes. Nessas horas me dei conta mais uma vez do quanto Deus gosta de mim. :)

Problema resolvido, encontrei o Greg e lá estava eu. Olhando Londres do alto, me despedindo, com o coração apertado, mas desta vez sem lágrimas escorrendo pelo rosto. Só com a certeza de que valeu a pena, de que fui feliz e de que cedo ou tarde vou voltar pra lá.

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