Uma menina, uma mulher

segunda-feira, junho 25, 2007

Japa é bom. Duas, de uma só vez, é bom demais!

O verão está a caminho, o dia tem só 6 horas de escuridão e, como praia de londrino é parque, eu precisava de uma canga pra ficar “lagarteando” sob o sol. Eu tenho duas, no Brasil, claro. Resolvi pedir pra Ana, com quem eu dividia o apê em São Paulo, mandar uma delas pra mim. Quem sabe se eu não tivesse trazido, sob pressão, um pretinho básico pra festa a canga teria cabido na mala, né Japa?! : )

Uma semana depois, chego do trabalho e me deparo com um pacote em cima da cama. Caligrafia conhecida, saudade. Abro o embrulho e lá estava aa canga, e meu biquini também (já devidamente engavetado devido à presença indesejada dos meus lombinhos laterais!). Roupa com cheiro de casa da gente, sabe como é?! Muito bom. Mas calma aí! Chacoalho o envelope, reviro a canga e... nenhum bilhetinho?!?!?! Poxa vida... Ou o coração dessa japonesa congelou ou, agora que mora com o namorado, anda ocupada demais até pra rabiscar umas palavras pra mim.

Na semana seguinte, saindo de casa, o Edson checa a cestinha de correspondência, vira pra mim e, com um envelope na mão, diz:

- Cris, isso aqui é pra você.

- Opa! Eu conheço essa letra! É da Ana. EBA!!!

Olho o verso do envelope pra confirmar o remetente e a surpresa: não era de uma japonesa. Mas, sim, de duas! Ana e Mari. EBAAAAAAAAAAAAAAAA!!!

Pausa!

Num dos meus primeiros posts sobre Londres, falei que daria meu endereço pra quem quisesse mandar feijão, carta ou paçoca. O Luiz comentou que até entendia minha vontade de receber tais guloseimas, mas carta era muito retrô para uma moça tão digital. Você me conhece, sabe que não passo muito tempo desconectada do mundinho virtual. Sou enlouquecida pela Internet e o seu superpoder de me colocar em contato com as pessoas. Viva email, MSN, Skype! Viva!

Acontece que nada é tão surpreendente quanto receber carta. O ritual de abrir o envelope tomando cuidado pra não rasgar nada do que há dentro, saber que aquele pedacinho de papel estava na mão de outro alguém antes de vir ao seu encontro e aqueles primeiros segundos em que os olhos devoram as palavras, como se fossem fugir. É tudo tão mágico!

Dando o play de novo...

Eu estava a caminho do trabalho, lembra?! Peguei o ônibus que me leva até a estação de metrô – ou você achou que só um bus bastava pra ir de New Cross Gate até Glocester Road? – e fui pro andar de cima descobrir o que havia dentro do envelope das meninas. Estava cheio de carinho, risadas, amor, lembranças, algumas lágrimas de saudade e vontade de apertar minhas japas. Tudo em forma de carta e um livrinho muito especial, feito por elas só pra mim, contando nossa história juntas, desde quando éramos toquinhos de gente, passando pela fase "As 3 do 33" de quando morávamos juntas, relembrando nossas histórias, viagens e trapalhadas, até chegar agora. Eu aqui e elas, aí. É ou não é pra ficar se achando?!?! : )

Ana e Mari, muitíssimo obrigada! AMEI! Vocês vão ser pra sempre parte de mim. Aqui, aí, em qualquer lugar.

Agora, eu proponho um desafio: quem será o próximo a me deixar com cara de boba feliz com um envelope na mão de novo?!?! Apertando a tecla SAP: Eu sou bem cara de pau, tô com saudade e quero repeteco! O endereço (para visitas também!) é esse aqui embaixo.

Flat D
Erlanger House
296 Queens Road
London – England – UK
SE14 5JN

Tô esperando! (Mamy, não me decepciona, hein?! Pelo menos você tem que me privar do vexame de não receber mais nada!) Não esqueça de colocar no envelope se prefere que a retribuição seja física ou virtual, ok? ; )

Em tempo, emails continuam sempre muito bem-vindos!



O passado no presente...

terça-feira, junho 12, 2007

Sol demais, roupa de menos

Ainda é primavera por essas bandas, mas quem liga pra isso a não ser os hotéis que a cada semana vão aumentando suas tarifas, se o que importa é que o sol brilha direto? E vou te dizer que ele não tem preguiça, não, viu?! Outro dia, depois de esperar em vão o ônibus noturno por uma hora, consegui chegar em casa às 4h30 da manhã. Madrugada, tá certo? Sim, mas já era dia! Tudo claro, amanhecido. Dá uma olhada na foto que tirei da janela do meu quarto.




E sabe que horas o sol se põe aqui? Por volta das 22h. Muito maluco, né?! Pra quem estava acostumada a viver perto da Linha do Equador, com um dia metade escuro, metade claro, essa mudança é bem complexa. E ótima, porque tenho a sensação de que o dia é loooooooooooongo. Mais tempo pra fazer o que quiser! Tomara que o inverno demore a chegar. Já pensou quando tudo se inverter e a noite “começar” às 3 da tarde?!?!

E como você já deve imaginar, os dias têm sido quentes. Tranqüilo sair de casa vestindo regata e chinelo. Aliás, o que tem de gringo usando Havaianas com bandeirinha do Brasil por aqui não tá escrito. Ainda bem que eu também trouxe a minha. : )

Dia quente e longo, perfeito pra ir pra rua, mesmo sem tem idéia do que fazer. Sempre se encontra alguma coisa, algumas vezes um tanto quanto inesperada.

Tarde de sábado, ligo pra Fabi:

- Hey! Onde vocês estão?

- Indo pro Hyde Park, ver os ciclistas pelados. Encontra a gente lá.

Se estivesse em outro lugar do planeta, provavelmente ficaria chocada com o que minha amiga havia dito, mas se aqui as pessoas se reúnem pra bater coco, que mal há em andar de bicicleta sem roupa?

Nus, quase como vieram ao mundo, não fosse pelas meias, tênis e capacetes, aproximadamente 1.000 ativistas resolveram protestar contra a dependência petrolífera e a cultura do carro andando de bike pelas principais vias de Londres.

A favor da causa, e curiosos, fomos prestigiar (?!) o evento. Mas chegamos tarde e o passeio já tinha acabado. Encontramos meia dúzia de gatos pingados, e pelados, no parque. Pra frustração do Jorginho, nenhuma moça. Achei hilário, e corajoso, ver os caras ali, “desprotegidos”. Até que pra alegria dos meus amigos, que poderiam me zuar depois, um deles veio na minha direção enquanto eu fazia de conta buscar o melhor ângulo pra fotografar um monumento qualquer ali...

- Cris, é com você que ele tá falando... – avisa a Ju.

- Eu sei! Mas não quero falar com um cara pelado!

Não teve jeito. Tive que dar atenção pro sujeito.

- Oi.

- Olá. Tudo bem? Você está fotografando, né?!

- É... Tirei algumas, mas não de você. – Me controlando pra não gargalhar e manter o olhar do pescoço pra cima do rapaz.

- Ah, tá. Mas, se quiser tirar minhas, pode!

- Tudo bem, valeu. Mas acho que já tenho fotos suficientes.

Acho que ele ficou triste, coitado. Tanto que resolveu tentar alguns flashes com Fabi e com o Jorge, que assistiam à minha cena sentadinhos, achando que sairiam ilesos. Vejam só a cara de incrédulo do Jorge e a Fabi olhando pra qualquer lugar a não ser pra frente. Hahahahaha! Impagável!

O passeio “natural” aconteceu em outras cidades da Europa e em Vancouver, no Canadá, também. (Viu alguma coisa por aí, Pedro?!) Só que em Paris a polícia logo deu o ar da graça e mandou todo mundo se vestir. Vai ver não queriam que os franceses ficassem resfriados.



quinta-feira, junho 07, 2007

Ó Pátria amada, idolatrada!

Sexta-feira passada na hora do almoço, o dono da cafeteria ao lado do Nando's me vê com a camisa do Brasil e provoca:

- Inglaterra: 6!

Olhei pra ele com aquela cara de “Hein?! Tá maluco?”, suficiente pra ele completar:

- Brasil: 12!

Ele não seria tão ousado a ponto de dizer que meu time perderia.

Dever cumprido, partimos para o tão esperado duelo entre Brasil e Inglaterra. Eu, Lorez, Cami, Edson e George, nosso flatmate há 1 semana e primo do Lorenzo há 22 anos. Saindo da estação de metrô mais próxima já dava pra ver a estrutura futurista e imponente. Como sinônimo de estádio pra mim era o Pacaembu, fiquei embasbacada com a grandiosidade do Wembley Stadium. Pra chegar até a entrada, percorremos uma longa avenida que, com a tradicional batucada brasileira, mais parecida um sambódromo. Aliás, devido à onipresença dos nossos conterrâneos por essas bandas, carinhosamente os apelidamos de “mato”.

Uma das coisas mais legais do jogo foi ver o respeito e a idolatria dos ingleses pela nossa amarelinha. Muitos deles pediram pra tirar fotos com a gente. Of course, my Lord! It’s a pleasure! ; )

Depois de adentrar o recinto e subir várias escadas – rolantes, diga-se de passagem! – encontramos nossos assentos. Bem no meio da torcida da Inglaterra, longe da área destinada à brasileirada. Sem problemas, afinal não éramos nós que reclamávamos de viver em Londres sem ver inglês?!

Alguns minutos tirando centenas de fotos, babando com os detalhes do Wembley, escrevendo cartaz pra aparecer na Globo, fazendo piada com a “provocação” dos nativos, até que os times entram em campo. Começa a execução do Hino Nacional Brasileiro e canto alto. Muito alto. Pode parecer piegas mas confesso que fiquei arrepiada e com os olhos cheios d’água. Feliz. Parecia que estava mais perto de casa e de tudo que ficou pra trás.

Espetáculo a parte foi a execução do hino inglês. Milhares de súditos pedindo a Deus que salve a Rainha e formando a bandeira de seu país e a mensagem “Welcome Home” com as sacolinhas coloridas que se encontravam na cadeira. (Ah! Então é pra isso que elas servem?!)

Passados os primeiros 25 minutos, minha bexiga resolve achar que tudo bem dar sinal de vida naquele momento. Ah, caramba... Agora não! Agüenta aí, minha filha. Tenho certeza que se eu for fazer xixi agora perco o gol. Final do primeiro tempo, nada de gols, corro atrás de um banheiro. Tarefa fácil diante dos 2.618 (!!!) existentes no estádio.

Necessidade básica suprimida, Camila e eu passamos a apreciar a beleza de outros ingleses já que Beckham e Owen – God, bless you! – pareciam um tanto quanto inacessíveis. E vou te falar, viu?! Aliás, não vou falar, não... ; )

Final do intervalo, Brasil atacando sem sucesso de um lado e nós do outro, começando a arrepender de ter pagado £ 40 (jamais converta!) no ingresso. Eis que num cruzamento, um tal John Terry acerta uma cabeçada e marca um “goal”. A torcida local delira e comemora. Como as chances do Brasil marcar pareciam cada vez menores, achei melhor levantar e aplaudir. Melhor participar da festa alheia do que nada, tá certo?! Tá certo nada! Eu quero ver gol! Droga!

Final do 2º tempo, os 3 minutos adicionais dados pelo juiz correndo e eu, praticamente comendo os dedos porque unha já não tinha mais, já pensava na possibilidade de fazer promessa em troca de um empate – sim, eu acredito nessas coisas. Até que surge Diego pra balançar a rede!

GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL!!! DO BRASIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIL!!!

Empatar no último minuto, quando tudo parecia perdido, foi bom demais! Parecíamos 5 bolinhas amarelas de pingue-pongue quicando sem parar no meio de quase 90 mil ingleses incrédulos. Saímos de lá como se houvéssemos vencido a partida.

Apesar de achar minha voz rrrrridícula no vídeo, resolvi postar aqui algumas das nossas palhaçadas no dia do jogo. Divirta-se!

E, só mais uma coisa: sou brasileira, com muito orgulho, com muito amor. ; )