Uma menina, uma mulher

quinta-feira, setembro 20, 2007

Bélgica Parte IV - 2 rodas e muitos quilômetros

Quando ainda estávamos em Londres planejando o roteiro belga, Lorenzo sugeriu que fôssemos pra Bruges no último dia. Quando foi a Roma, alguém disse a ele que a cidade era especial e que merecia a visita. Eu, quase nada empolgada, topei logo.

Sendo assim, tínhamos só o segundo dia pra “matar” (não seria “viver”?!) Bruxelas. Muita coisa pra ver, lugares pra conhecer e nem tudo ficava na mesma região. Eis que surge a solução: alugar bicicletas! Na hora entrei no meu túnel do tempo particular e me vi na pracinha atrás de casa, em Araçatuba. Maior luta pra conseguir me equilibrar sobre as duas rodas da minha Caloi rosa, com cestinha, claro. Lembro de ter um cata-vento – acho que era material de divulgação de algum candidato político! - amarrado na cestinha, meu pai segurando o banco até que eu pudesse pedalar sozinha, pelo menos por 5 metros, antes do tombo. Engraçado era voltar pra casa com os joelhos e cotovelos ralados e feliz. : )

Bom, retornando ao aluguel das bikes em Bruxelas... O sistema é muito bacana. Em diversos pontos da cidade, há um estacionamento de magrelas e um terminal onde você escolhe por quanto tempo quer a posse do veículo, insere seu cartão de crédito e pronto. Na hora de devolver é tão simples quanto – coloca a bicicleta de volta em qualquer uma das vagas e insere o cartão do aluguel. Não é o máximo?! Não sei porquê os ingleses não trazem essa idéia pra cá. O metrô anda insuportavelmente lotado...

Enfim, munidos de transporte “particular”, mapa e força nas pernocas partimos em direção à Catedral de St. Michel & Gudule. Construída a partir de 1226, a igreja levou 3 séculos – sim, 300 anos! – para ficar pronta. E quando se está lá dentro, diante de toda magnitude da arquitetura gótica, é possível imaginar porquê tanto tempo. Olha só alguns detalhes da catedral e veja se não concorda comigo.









Mais alguns quilômetros pedalando a partir dali e adivinha aonde chegamos! À praia! Não, as placas tectônicas do planeta não se chocaram causando a deslocação de Bruxelas para a costa litorânea belga. A capital continua no seu devido lugar. O que fizeram foi construir a “Bruxelles Les Bains”, o que eles denominaram praia - um amontoado de areia à beira de um canal, chuveiros e grama artificial de um lado e barracas de comes e bebes do outro. Confesso que senti vontade de botar o biquíni (que eu não tinha) e me refrescar naquele mixo esguicho de água diante de tanto calor. A criançada se esbaldava, e o Lorenzo também... Ah, o verão!







Depois do descanso a beira-mar, digo, a beira-canal, montamos as magrelas de novo e pedalamos muitos quilômetros até chegar à Basílica Nacional da Bélgica. Infelizmente boa parte do interior da igreja estava inacessível por conta de uma reforma, e o máximo que conseguimos foi quase atrapalhar um casamento que acontecia ali.



Quando eu já não fazia idéia de quantas milhas havíamos percorrido até então, embora minhas coxas dissessem que muitas, Lorenzo propôs irmos até o Atomium. Concordei com uma condição básica para sobrevivência sob o sol escaldante: sorvete! Justo, né não?! : )

Pedala, pedala, pedala e começamos a avistar a tal estrutura gigantesca. Parecia tão perto... Ahan... Depois de uma bela subida, onde já não sabia mais se eu levava a bicicleta ou se ela é que me carregava, chegamos ao Atomium. Eu com a língua pra fora e as buchechas vermelhas, é bem verdade.

Criado em 1958 para a Feira Mundial de Bruxelas, o Atomium, com seus 102 metros de altura e 2400 toneladas, é uma reprodução - 165 bilhões de vezes maior, óbvio – da estrutura atômica do ferro. Daí o nome. E se você acha que depois de quase 50 anos, o local se tornou um grande “elefante branco”, engana-se. Continua sendo ponto turístico obrigatório. Atualmente, cada uma de suas 9 esferas possui uma função diferente entre museu, restaurante, espaço para exposições e eventos, loja e playground para a molecada.



A melhor parte de pedalar numa subida é a volta. Joelhos parados e vento batendo no rosto. Se conseguisse, teria aberto os braços só pra aumentar aquela sensação boa. Até aparecer uma nova subida... Dessa vez achei que fosse precisar descer e empurrar a bicicleta. Minhas forças estavam a 3 pedaladas do fim quando minha persistência surge do nada e me faz empurrar o pedal mais rápido. Acho que na hora, inconscientemente e sozinho, meu corpo pensou: quando mais rápido fizermos isso, mais rápido acaba. Então bóóóóóóóra! Subi. Quase morri, mas subi. Olha o vídeo pra ver em que situação lastimável eu me encontrava... Isso que dá largar as aulas de spinning! : )



Depois dessa, convenci Lorenzo que a brincadeira de pedalar já não tinha mais tanta graça... Era hora da recompensa: chocolate e cerveja no Grand Place. Não disse que eu tinha adorado o lugar?!

Comida típica na Bélgica é fruto do mar. Eu nunca fui lá muito fã de peixe, camarão e outros habitantes da água salgada. Nascida na “Terra do Boi Gordo”, gosto mesmo é de carne. (Pausa para um desabafo: Ai, que saudade dos churrascos na chácara do Tunes...). Mas, tudo bem, vai. Não fui eu que disse que queria conhecer outros mundos, outros povos e outras culturas. Pois bem, culinária faz parte do pacote cultural, bonitona. Vai se preparando que os moluscos estão a caminho da mesa.



Ostras. Lorenzo as adora. Eu não tinha nenhuma noção de que gosto elas tinham, até descobrir que não tinham gosto nenhum mesmo. Bom pro capixaba que comeu praticamente toda a caçarola sozinho e diminuiu um pouco a saudade de casa.



O segundo dia da nossa temporada belga terminava, porém ainda tínhamos Bruges no roteiro. Mas, dessa vez, nada de bicicletas, por favor.

PS: Quando voltamos a Londres, recorremos ao nosso nem tão velho e amado amigo Google Earth pra descobrir quantos quilômetros havíamos pedalamos naquele dia. Nada menos que VINTE! Não é a toa que no final do dia não sentia minhas pernas... Ou seria isso efeito de alguns copos de cerveja belga?! : )

3 comentários:

Lorenzo disse...

Ahhh... Primeiramente... mais uma vez o blog ta nota 10 Linda! Ahhh.. ainda bem depois da frustracao da praia de Bruxellas vc vai virar adepta da Sanga...

;)

Beijao, t adoro

Yara Terra disse...

Arre, que este blog andou!!! E ainda tem a cara de pau de me dizer que não atualizo o meu, né?
Agora só falta Bruges e Dublin antes de ver Paris sob os seus olhos!!! Tô aqui, na espreita!
PS.: Deu pra ver vc. de buchecha corada, na bicicleta cor de rosa ;)

Unknown disse...

Cris...
ostra em cananéia nem pensar, mas na bélgica, né? até vc...heheheh
mas me diga, o q vc tomaria na bélgica se não fosse a ilha do cardoso???
q saudade!! até sonhei q estava ai em londres com vc!!!
bjão