Uma menina, uma mulher

quarta-feira, julho 25, 2007

Bélgica Parte II - O primeiro belga a gente nunca esquece

Mal deu tempo de tirar uma soneca, já estávamos no Brussels South Charleroi Airport. Porém, Bruxelas ainda estava mais a diante um bocadinho. Era preciso viajar uma hora de ônibus pra chegar lá. Desembolsamos 20 euros cada pelos tickets de ida e volta até a capital belga e saímos à procura do busão. Era hora de praticar nosso francês - bem precário, diga-se de passagem! Alguns minutos antes de sair de casa, o Edson nos ensinou umas frases básicas para nossa sobrevivência: “Você fala inglês?”, “Quanto custa isso?” e “Onde fica o toalete?”. A parte isso, só sabíamos dizer “Bonjour”, “Au revoir”, “Merci!” e “S’il vous plaît”. Ia dar pro gasto.

- Deve ser este aqui. – imaginava Lorenzo.

- Acho que aquele gordinho ali é o motorista. Vamos perguntar.

- Vu parlê anglê? – questionamos o barrigudinho. (Detalhe que foi assim mesmo, como se diz e não como se escreve, que as dicas do Edson foram anotadas!)

Ele fez um bico como quem diz “não é muito a minha praia, mas posso tentar” e respondeu:

- Um pouquinho...

Mostramos os tickets e quando íamos perguntar se aquele era o bus certo o homem começou a abanar as mãos em sinal de “nananinanão” e disse, traduzindo literalmente:

- Esse não é bom. Esse vem pra cá. Aqui. Vocês precisam ir daqui pra lá. Outro. – E começou a girar os braços como se fosse um técnico de futebol substituindo um de seus craques.

- Ok, ok! Merci! – agradecemos e voltamos ao balcão do aeroporto em busca de explicações por parte da senhorita que havia nos vendido os bilhetes. Nós e mais uma dúzia de passageiros.

A loirinha confirmou o que disse o tal motorista - nosso ônibus deveria chegar à plataforma de embarque em 10 minutos. Senta e espera.

De repente, percebemos que as outras pessoas, tão perdidas quanto nós e com o mesmo ticket verde na mão, estavam adentrando o ônibus do barrigudinho.

- Lorez, olha lá. Eles tão embarcando. Vamos ver o que acontece!

E lá fomos nós atrás do senhorzinho de novo. Ele confere nosso ticket pela segunda vez, olha pra gente, sorri e faz sinal para entrarmos (!).

- Você tá entendendo alguma coisa? – quis confirmar.

- Nadica de nada, mas vambóra!

Até agora não sabemos o que se passou, mas o que importava era que finalmente estávamos na última etapa do caminho para Bruxelas. Eu, olhando as vacas porpetas passando pela janelinha, sem perceber deixava transbordar minha felicidade num sorriso de criança. Tanto que Lorez perguntou:

- Que foi?

- Eu tô na Bélgica. É muito mágico, não é? Isso tudo era só sonho alguns meses atrás...

- Pois é... Foi só carregar umas mesas, vender uns frangos e estamos na Bélgica! Hahahahaha... – Pior que é verdade mesmo! : )

Mais um cochilo de meia hora e chegamos à estação de metrô mais próxima ao nosso hotel: Porte de Namur. Ou Naamsepoort, você decide. Pra brasileira que só sabe inglês e espanhol além da língua-mãe, francês algumas vezes era decifrável. Já o holandês... Tudo bem que “excepcionalmente” não é o mais simples dos vocábulos, mas dá uma olhada na versão holandesa de tal palavra na plaqueta com a bicicleta.



Aposento localizado depois de uma breve caminhada e... surpresa!

- O quarto de vocês ainda não está pronto. Só daqui a 1 hora e meia. – avisou o recepcionista do hotel.

Quem me conhece sabe que, pra mim, só é amanhã depois que acorda. Com toda essa peregrinação até ali, eu precisava de umas horinhas decentes de sono pra decidir que dia estava vivendo – o ontem o ou hoje. Mas tudo bem, se não dá pra entrar, saímos. Largamos a mala ali e partimos para um passeio pelas redondezas.

Foi só virar a esquina pra encontrar a primeira fonte de prazer em pedacinhos – uma loja de chocolate belga! Sim, sim, todas aquelas histórias de que o chocolate de lá é MARAVILHOSO são verídicas. Claro que fiz vários testes pra poder afirmar isso. Diz o Lorenzo que na primeira mordida num deles, meus olhinhos reviraram. Não duvido nada mesmo! Hehehehe!



Enquanto eu me deleitava com as delícias vindas do cacau, Lorez quase apelou para “uni-duni-tê” na hora de eleger a primeira cerveja nacional a ser degustada durante o almoço. Escolheu “Panaché”. E escolheu errado, pois era a versão belga da Skol Lemon. Argh!

Para pedir ajuda ao garçom, gastamos nosso francês mais uma vez:

- Vu parlê anglê?

- Yes.

Opa, então beleza! Fiz umas perguntas sobre os pratos do menu e a resposta foi a cara de ponto de interrogação do garçom. Perguntei de novo. Mais uma vez, agora apontando no cardápio. Aí, sim, ele conseguiu responder e fizemos nossos pedidos. Lorenzo começou a rir.

- Que foi? Também quero rir, divide comigo!

- Você engatou aí no inglês, embolou o meio de campo do rapaz...

- Ai! Verdade, né, coitado?!

Era a primeira vez em que eu falava inglês e os outros, outra língua. Até então eu é que tive que deixar o português de lado e me adaptar ao inglês dos outros. Prometi a mim mesma que tentaria não deixar mais nenhum nativo com cara de “Ahn?!” durante uma conversa que não fosse na língua deles. Basicamente praticando o “Não faça aos outros o que não quer que façam pra você”. : )

Fome resolvida, faltava só “puxar uma paia”. Voltamos ao hotel pra solucionar isso também e recarregar as baterias pra começar a desvendar Bruxelas.

ZzzzzZzzzZZzzz....

(Continua)

4 comentários:

Lorenzo disse...

Ta em doses homeopaticas, mas ta' muito legal!

beijao

Anônimo disse...

Esse blog tá mais parado que aeroporto brasileiro.

Unknown disse...

continua? cadê???
mto trabalho por ai?
bjão

Unknown disse...

pelo visto não sou só eu a reclamar, né...heheheh