Uma menina, uma mulher

terça-feira, abril 17, 2007

O feitiço virou contra a feiticeira

Depois de 16 dias aqui na terra do chá das 5, comecei a trabalhar. Sim, acabou aquele esquema supimpa escola – passeio - festa.

De acordo com os planos que tinha quando saí de São Paulo, só começaria a trabalhar em maio mas, já que acharam que levo jeito pra coisa e quero grana pra viajar pelo velho mundo, mão na massa. Aliás, na massa não porque o restaurante é português, não italiano.

Depois de uma semana inteira de aprendizado, instruções sobre os perigos por trás de uma máquina de sorvete (!), degustação de vinho, treinamentos e treinamentos, festa pra enturmar a galera e prova, me tornei uma Nandoca – integrante da equipe do Nando’s.

A comida lá é sensacional e frango reina no cardápio. É aquele esquema em que você decide quão apimentado quer seu prato, sabe?! Quem mora em São Paulo talvez já tenha visitado o Hooters, que é assim também – mas com um detalhe bem diferente: as meninas de lá usam patins, microshort e decotões. Os patins eu toparia fácil! ; )

Graças ao bom Deus e ao bom senso do gerente, fico no caixa do restaurante e não na “coordenação” – onde o prato é realmente montado. Se o pedido é Ceasar Salad com frango extra hot, a preocupação de quem tá nessa área é só fazer a mistura de uma pacote de folhas verdes, 2 colheres de parmesão ralado e 3 de molho e 8 croutons (pode contar!). O frango fica por conta dos grillers, os guris que enfrentam uma chapa morna, coisa pouca, uns 70ºC mais ou menos... Agora se o pedido é Frango Hot com arroz, batata frita, maionese, salada ou qualquer outro acompanhamento, corre, filhote! Corre que é contigo.

Mas meu negócio é lá na frente, onde o cliente chega pra fazer o pedido e me encontra sorrindo, sempre. ; ) Ouço e insiro no sistema. Enquanto o cara decide se quer milho ou pão pra acompanhar o frango, já passo a mão na geladeira, pego as bebidas e aperto um simples botãozinho pra ter um expresso. Mundo moderno é outra coisa. Depois de tudo escolhido, checo o pedido, entrego as bebidas, os petiscos, o ticket e próximo, por favor!

Fácil, né?! Até você perceber que vendeu a última unidade de sorvete de baunilha, por exemplo. Daí sai do caixa, passa pelo mármore do inferno dos grillers, desce as escadas, atravessa a cozinha no meio dos meninos que ficam lavando a louça e entra num freezer a -18ºC. Que tal?

Ah! Mas bom mesmo é fechar o restaurante. Não basta dar tchau pros clientes, trancar a porta e ir embora pra casa. Tem que repor estoque da geladeira (tá tudo lá no andar de baixo, lembra?), limpar a máquina de café, polir os talheres, encher as gavetas de copos limpos, limpar o balcão e aí dar uma mãozinha pras outras meninas que precisam varrer, passar o mop (ô troço nojento!), limpar os vidros e os banheiros. Sim, porque ir embora só depois que todas terminam. A equipe masculina sempre fica pra trás, não tem jeito.

Depois de toda dessa correria danada, claro, vem o cansaço, vontade de deitar e dormir ou de ir pra balada gastar o restinho de energia. E sabe o que mais vem junto com tudo isso? Orgulho de fazer parte disso. Estranho, né?! Depois de 2 anos e meio na BrandWorks desenvolvendo programas de relacionamento interno e vendo como tudo funciona nos bastidores, me dei conta de que sou “vítima” do endomarketing. É claro que em alguns (muitos) momentos penso “O que tô fazendo aqui ajoelhada contando garrafas de vinho com as quais eu nem vou me divertir? Podia estar no Brasil comendo feijão e bebendo guaraná!”. Só que eu gosto disso! É uma relação masoquista, mas com certeza cheia de orgulho, paixão, integridade, família e coragem – todos os valores de quem é Nandoca.

Welcome to Nando’s! ; )

PS: Enquanto ainda não há uma franquia da rede no Brasil (ou você acha que eu ainda não pensei nisso?), você pode me visitar no Nando’s da Gloucester Road aqui em Londres, ok?

2 comentários:

Yara Terra disse...

Estava eu, aqui, lendo esta maratona disfarçada de trabalho e pensando: ô, judiação! tadinha dessa menina... volta pra cá... a gente te coloca no colo e cuida de você!
Mas aí, dá pra perceber a paixão que sempre te acompanha em tudo o que você faz e então, só resta ficar aqui torcendo para que você continue assim: feliz!
E se é pra poder rodar por ai, tá valendo!!!
bjokas com saudades.

Anônimo disse...

Oi.. Quando li seu texto nao me segurei..tive que comentar.. eu moro com a Mary ( a dona da casa de pimlico que voce estava olhando) e ela me mostrou seu blog pois trabalho no nandos tambem.. achei o super maneiro o que voce escreveu.. e eh exatamente isso que acontece com a gente.. nao eh moleza mas a gente termina amando isso.. trabalhei 5 meses no nandos de bromley ( obs: trabalhei com o Rilwan, uns dos seus manager) e hoje mudei para o de victoria pois eh mais perto da casa que moro..Amo o nandos.. eh uma paixao que surge sabe-se la de onde.. e tu sabe que ja haviamos ( eu e outro colega) pensandos na possibilidade de nandos no brasil mas o pro eh que somente em cidade grandes como sao paulo acho que daria certo..eu moro em teresina, la nao rola..bom eh isso.. nao podia deixar de comentar.. :)
querendo entrar em contato comigo pode mandar email: brmsoares82@gmail.com
beijos: Bruna

obs: so nao concordo com voce em relacao a trabalhar na coordenacao..eu amo.. eh meu lugar predileto..acredita? :)